quinta-feira, 15 de outubro de 2009

1954 - Visita do Presidente da República e inauguração do Monumento ao Imigrante



A Festa

A Festa Nacional da Uva de 1954 foi marcada por duas grandes inaugurações. Uma delas dizia respeito exclusivamente à Festa: era o pavilhão que serviria como sede definitiva para a comemoração. A outra obra era o Monumento Nacional ao Imigrante: um presente para toda a cidade e principalmente para os descendentes de italianos, que entendiam o gesto como uma valorização dos imigrantes no Brasil.

A decisão de construir o pavilhão próprio para a Festa da Uva foi do prefeito Euclides Triches, que entendeu a necessidade da estrutura. E assim surgiu o prédio que abrigou a Festa da Uva por duas décadas. Nos anos de 1970, ele passou a ser usado como sede da prefeitura de Caxias do Sul, utilização que tem até hoje.

A pedra fundamental para a construção do Monumento Nacional ao Imigrante foi lançada ainda na Festa da Uva de 1950. Mas, foi no evento de 1954 que a obra ficou pronta. O projeto era do arquiteto Silvio Toigo, um italiano que vivia no Rio Grande do Sul desde a década de 20. Já, o dinheiro, a mão-de-obra e o material usado vinham de todos os lugares: dos governos federal e estadual, do governo italiano e até dos descendentes de imigrantes, que receberiam em troca o nome da família gravado no local.

A inauguração do monumento não poderia ter sido mais satisfatória para os caxienses. Houve aplausos, discursos, um desfile militar e uma missa rezada pelo bispo Dom Benedito Zorzi. Para completar a euforia, quem cortou a fita inaugural da obra foi o presidente gaúcho Getúlio Vargas. Depois disso, ele ainda visitou o pavilhão e assistiu ao desfile de carros alegóricos.

E essas não eram as únicas particularidades da Festa da Uva de 1954. A partir dessa edição ela receberia também o nome de Feira Agroindustrial, embora as exposições de produtos coloniais e equipamentos industriais estivessem presentes desde as primeiras edições.

O sucesso foi tão grande que a Festa durou mais do que o previsto. E, em vez de terminar em 28 de março, como havia sido programado, foi até 18 de abril. Ou seja, o evento daquele ano se estendeu por 51 dias. Isso rendeu a essa edição o apelido de Festa interminável.


O corso alegórico

O corso alegórico de 1954 trouxe algumas novidades. Nesse ano, pela primeira vez, foi dividido o espaço entre os figurantes e o público, que não podia mais se misturar ao desfile, como nas edições anteriores. Foi o primeiro ano em que se instalaram cordões de isolamento entre a rua e a calçada.

A outra novidade foi nos figurantes. Ao invés de apenas colonos trajados com roupas típicas, a abertura do desfile foi feita por um grupo de gaúchos a cavalo. Atrás deles, vinha o carro da Metalúrgica Abramo Eberle, com uma réplica do Monumento ao Imigrante, inaugurado naquele ano e uma saudação especial ao presidente Getúlio Vargas.

As Soberanas

A escolha da Rainha de 1954 estabeleceu uma nova característica à Festa da Uva, que passou a ser, definitivamente, um evento de Caxias do Sul. Para evitar polêmicas como a da edição anterior, que havia elegido uma candidata de Bento Gonçalves como Rainha, o concurso foi transformado novamente em local, e isso acabou afastando o interesse das cidades vizinhas. Naquele ano, a Rainha foi a caxiense Maria Elisa Eberle.

O concurso de escolha das Soberanas de 1954 também eliminou os jurados. A Rainha da 7ª Festa da Uva foi eleita por votação popular. Mas, para votar, a comunidade precisava comprar cupons comercializados pelas rádios Caxias e Nordeste e pelo jornal A Época, o que acabou favorecendo as candidatas de maior poder aquisitivo. Maria Elisa Eberle foi eleita com 99.033 votos, de um total de mais de 150 mil votos.

Naquele ano, o baile de coroação da Rainha marcou a inauguração da Festa da Uva de 1954. No discurso, a Soberana lembrou das dificuldades enfrentadas pelos imigrantes italianos, falou da importância da mulher caxiense, e destacou o trabalho dos operários empenhados no progresso do município.